Pesquisa do Valor Econômico também apontou que a expressão “concurso público” registrou o triplo das procuras por “salário mínimo” e FGTS
O Jornal Valor Econômico publicou no último sábado (6) levantamento exclusivo feito pelo Google Trends sobre concursos públicos no Brasil nos últimos 12 meses. Ficaram em primeiro lugar os certames dos Correios, da Polícia Federal e do INSS.
Para se ter uma ideia da relevância do assunto nas buscas, a expressão “concurso público” registrou o triplo das procuras feitas por termos como “salário mínimo” e “FGTS”, e mais de cinco vezes o interesse alcançado por “CLT” e “carteira de trabalho”, no mesmo período.
No detalhamento da pesquisa, as consultas sobre “concurso nível médio” quase dobraram (+80%), enquanto “concurso nível superior” teve uma alta de 20%. A frase “como estudar para concurso” teve mais do triplo do interesse do que “como estudar para o Enem” e as perguntas mais comuns sobre concurso público foram “o que estudar?” e “como estudar para concurso?”.
Além dos Correios, Polícia Federal e INSS, os órgãos mais digitados ao lado de “concurso público” no buscador foram: Banco do Brasil, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Embrapa, Tribunal de Justiça, Polícia Militar e Ministério Público da União, nessa ordem.
Concorrência x Judicialização
“O levantamento divulgado pelo Valor Econômico, apontando os concursos mais buscados pelos brasileiros, confirma uma realidade que há tempos se consolida: o concurso público segue sendo o maior projeto de vida profissional de milhões de cidadãos”, comentou o advogado Israel Mattozo, especialista em concursos públicos e sócio fundador do Escritório Mattozo & Ribeiro.
“O dado de que a expressão ‘concurso público’ foi mais pesquisada que ‘salário mínimo’, ‘FGTS’ ou até ‘carteira de trabalho’ revela o quanto a estabilidade, a previsibilidade e a segurança de uma carreira pública ainda ocupam espaço central no imaginário social. Isso não se trata apenas de prestígio, mas de um reflexo direto da precarização do mercado de trabalho privado, marcado por altos índices de rotatividade e ausência de garantias”, acrescentou Mattozo.
Do ponto de vista jurídico, esses números reforçam a necessidade de os governos assumirem sua responsabilidade na realização periódica de certames, sob pena de violar o princípio constitucional da obrigatoriedade do concurso público (art. 37, II, da Constituição). A demanda social por concursos está clara, mas é indispensável que ela seja acompanhada por políticas de planejamento administrativo que priorizem a recomposição dos quadros estatais, evitando o excesso de contratações temporárias ou terceirizações indevidas, muitas vezes contestadas no Judiciário.
“Como advogado que atua na defesa de candidatos, como fundador de um escritório que está prestes a completar 12 anos de história nesse segmento, vejo nesse levantamento também um alerta: quanto mais cresce o interesse, maior tende a ser a competitividade e, com ela, o número de litígios relacionados a ilegalidades nos editais, falhas de bancas examinadoras e violações de direitos. O futuro, portanto, será de concursos cada vez mais disputados, mas também de maior judicialização”, completou o jurista.
Os órgãos mais buscados ao lado de “concurso público” no Brasil nos últimos 12 meses
1. Correios
2. Polícia Federal
3. INSS
4. Banco do Brasil
5. EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares)
6. Embrapa
7. Tribunal de Justiça
8. Polícia Militar
9. Ministério Público da União
10. Tribunal Regional do Trabalho
As profissões mais buscadas ao lado de “concurso público” no Brasil nos últimos 12 meses
1. Professor
2. Juiz
3. Médico
4. Policial
5. Delegado
6. Auditor fiscal
7. Enfermeiro
8.Bombeiro
9. Escrevente
10. Dentista
Fonte: Google Trends
Com informações do Valor Econômico